segunda-feira, 10 de maio de 2010

Em um espaço qualquer do Rio de Janeiro...

... hoje, quatro atores amadores ensaiam uma peça que conta um pouco de suas vidas. Ali estão, quando o público entra, há horas, talvez dias, talvez anos, quem sabe séculos, tentando escrever um espetáculo. Ensaiam. Quatro jovens ensaiam. Empenhadamente. Guilherme encontra Tiana que mora com Maria que namora na bicicleta Marcelo que se tivesse um carro jamais estaria com a Maria. Guilherme e Tiana se apaixonam. Maria pensa em se mandar com Marcelo. Pensa em estudar. Pensa em trabalhar. Pensa em viajar. Pensa em ser feliz. Pensa. Guilherme é o intelectual que se aboletou na casa de sua amada, tomou conta da poltrona, e fica lá, repassando pelos caminhos que outros autores já fizeram só para se exercitar, certo de que tudo já foi feito. Tiana espera. Um filho. Uma vida que tem certeza lhe cairá aos pés a qualquer momento. E Marcelo muda. Muda de emprego. Muda de roupa. Mas não muda de nada. Mudo. E se relacionam verdadeiramente, intensamente parados, rodando prazerosamente em círculos, contando e comentando sobre si, tudo, e todos, numa dança inoperante ao som de sessenta e cinco CDS simultâneos.

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